O Senhor usa símbolos para ensinar verdades eternas no templo. Explicaremos a razão disso.
A adoração no templo oferece-nos a oportunidade de aprender de um
modo com o qual não estamos acostumados. “Todo templo é uma casa de
aprendizado”, explica o Élder Russell M. Nelson, do Quórum dos Doze
Apóstolos. “Ali somos ensinados à maneira do Mestre. Seus métodos
diferem dos de outras pessoas. Seu modo de ensinar é antigo e rico em
simbolismo. Podemos aprender muito ponderando o que cada símbolo
representa na realidade.”
Um símbolo do evangelho pode ser um objeto, um evento, uma ação ou
ensinamento que represente uma verdade espiritual. O pão e a água do
sacramento, por exemplo, representam o corpo e o sangue de Jesus Cristo.
O simbolismo é um método de ensino tão antigo quanto Adão, que aprendeu
com um anjo que as primícias dos rebanhos, as quais ele foi ordenado a
sacrificar, eram “à semelhança do sacrifício do Unigênito do Pai”
(Moisés 5:7). Assim como Adão precisou de ajuda para compreender o
simbolismo do sacrifício, talvez precisemos de alguma orientação para
compreender o método “antigo e rico” que o Senhor usa para ensinar-nos
as ordenanças do sacerdócio mais elevadas do evangelho.
As informações a seguir, tiradas das escrituras ou transmitidas por
líderes da Igreja e estudiosos santos dos últimos dias, podem ajudar-nos
a compreender melhor o rico simbolismo encontrado no templo.
Por Que o Senhor Utiliza Simbolismos?
“E eis que todas as coisas têm sua semelhança e todas as coisas são
criadas e feitas para prestar testemunho de mim, tanto as coisas
materiais como as coisas que são espirituais; coisas que estão acima nos
céus e coisas que estão na Terra e coisas que estão dentro da terra e
coisas que estão embaixo da terra, tanto acima como abaixo: todas as
coisas prestam testemunho de mim” (Moisés 6:63).
“Os símbolos são a língua universal. (...) Os símbolos dão cor e
força à linguagem, ao mesmo tempo em que aprofundam e enriquecem nosso
entendimento. Os símbolos permitem-nos dar forma conceitual a idéias e
emoções que de outro modo não poderiam ser expressas em palavras. Eles
nos levam para além das palavras e nos proporcionam eloqüência na
expressão de sentimentos. A linguagem simbólica oculta certas verdades
doutrinárias dos iníquos, impedindo assim que coisas sagradas sejam
ridicularizadas. Ao mesmo tempo, os símbolos revelam a verdade às
pessoas espiritualmente alertas.
(...) Os símbolos são a linguagem na qual todos os convênios do
evangelho e todas as ordenanças de salvação foram revelados. Do momento
em que somos imersos nas águas do batismo até o momento em que nos
ajoelhamos no altar do templo com a pessoa que escolhemos, na ordenança
do casamento eterno, todo convênio que fizermos estará escrito na
linguagem do simbolismo.”
“As ordenanças essenciais do evangelho simbolizam a Expiação. O
batismo por imersão é um símbolo da morte, sepultamento e Ressurreição
do Salvador. Ao participarmos do sacramento, renovamos os convênios
batismais e também reavivamos a lembrança da carne dilacerada do
Salvador e do sangue que Ele derramou por nós. As ordenanças do templo
simbolizam nossa reconciliação com o Senhor e unem as famílias para a
eternidade.”
Quais São Alguns Símbolos Usados no Templo?
“No templo todos se vestem igualmente de branco. O branco é o símbolo
da pureza. Nenhuma pessoa impura tem o direito de entrar na casa de
Deus. Além disso, as roupas idênticas simbolizam que perante Deus, nosso
Pai Celestial, todos os homens são iguais. O mendigo e o banqueiro, o
instruído e o inculto, o príncipe e o pobre sentam-se lado a lado no
templo e são de igual importância, se estiverem vivendo em retidão
perante o Senhor Deus.”
“Há uma (...) roupa de baixo, digna de nossa consideração: ela é conhecida como
garment do templo, ou
garment
do santo sacerdócio, usado pelos membros de A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias que receberam sua investidura do templo.
Esse
garment, usado dia e noite, serve a três propósitos
importantes: é um lembrete dos convênios sagrados feitos com o Senhor em
Sua casa sagrada, uma proteção para cobrir o corpo, e um símbolo de
recato no vestir e no agir que deve caracterizar a vida de todos os
humildes seguidores de Cristo.”
Por Que Alguns dos Simbolismos Relacionados ao Templo São Encontrados em Outros Lugares do Mundo?
“Gostaria de sugerir que o motivo pelo qual a construção de templos e
a adoração nos templos são coisas encontradas em toda as eras, em toda
parte e entre todos os povos seja porque o evangelho em sua plenitude
foi revelado a Adão, e todas as religiões e práticas religiosas,
portanto, derivam de resquícios da verdade dada a Adão e por ele
transmitida aos patriarcas. As ordenanças do templo necessárias para
essa época foram dadas, sem dúvida, naqueles dias antigos e,
naturalmente, formas corrompidas dessas ordenanças foram passadas
adiante, ao longo das eras. Os que compreendem a natureza eterna do
evangelho — que foi planejado antes da fundação da Terra — entendem
claramente por que toda a história parece girar em torno da construção e
utilização de templos.”
“Os mesmos estudos comparativos que descobriram um padrão comum em
todas as religiões antigas — um fenômeno hoje chamado de ‘padronismo’ —
também demonstraram o processo de
difusão pelo qual esse padrão
se espalhou pelo mundo — sendo esfacelado nesse processo e do qual
podem ser encontrados resquícios reconhecíveis em quase todas as terras e
épocas. (...)
Teria Joseph Smith reinventado o templo, reunindo novamente todos os
fragmentos — judeus, ortodoxos, maçons, gnósticos, hindus, egípcios,
etc.? Não, não foi assim que aconteceu. Pouquíssimos fragmentos estavam
disponíveis em sua época, e o trabalho de reuni-los, como vimos, só
começou na segunda metade do século XIX. Mesmo que estivessem
disponíveis, aqueles míseros fragmentos não poderiam ser reunidos para
formar um todo. Até hoje, os estudiosos que os coletam não sabem o que
fazer com eles. Não é o templo que deriva deles, mas sim, o contrário.
(...) O fato de que algo de tamanha plenitude, coerência, engenhosidade e
perfeição tenha sido trazido à luz num único local e momento — da noite
para o dia, por assim dizer — é uma prova muito adequada de uma
dispensação especial.”
Como Aprendemos o Que Deus Quer Que Aprendamos em Sua Casa Sagrada?
“Devemos receber nos templos, pelos templos e dos templos, ‘poder do
alto’ (D&C 95:8). Cristo é a fonte desse poder. O templo é Dele.
Todo símbolo dentro e fora daquele edifício sagrado aponta para Ele e,
assim como um recipiente que transporta a água, o templo transmite o
Santo Espírito.”
“Nenhum homem ou mulher pode sair do templo investido como deveria, a
menos que tenha enxergado, além do símbolo, a poderosa realidade que
ele representa. (...)
Para o homem ou mulher que passa pelo templo com os olhos bem
abertos, prestando atenção aos símbolos e convênios, fazendo um esforço
contínuo e constante de compreender o pleno significado, Deus profere
Sua palavra, e a revelação é concedida. A investidura é tão ricamente
simbólica que somente um tolo tentaria descrevê-la; é tão carregada de
revelações para os que exercem suas forças para buscar e ver, que
nenhuma palavra humana poderia explicar ou esclarecer as possibilidades
existentes no serviço do templo. A investidura que foi dada por
revelação pode ser compreendida melhor por revelação; e para os que
buscam mais vigorosamente, com um coração puro, maior será a revelação.”
“
Procure equilibrar a interpretação do simbolismo com outras revelações e conhecimento do evangelho.
(...) Procure enquadrar a interpretação de qualquer simbolismo no plano
geral do conhecimento do evangelho. Não importa quão inteligente,
lógica ou engenhosa seja nossa interpretação de determinado símbolo, se
ela contradiz o que foi revelado em outros lugares, podemos presumir que
esteja errada.”
“A pessoa que vai ao templo com o espírito adequado, lembrando-se de
que os ensinamentos são simbólicos, jamais sairá de lá sem ter sua visão
ampliada, sem sentir-se um pouco mais exaltada, sem ter aumentado seu
conhecimento das coisas espirituais. O plano didático é esplêndido. É
inspirado. O próprio Senhor, Mestre dos Mestres, ao ensinar Seus
discípulos, falou constantemente por parábolas, uma forma verbal de
representar simbolicamente coisas que, de outra maneira, poderiam ser de
difícil entendimento.”
“A mera freqüência ao templo não garante que nos tornaremos melhores,
mas proporciona um vigoroso e pungente convite para que isso aconteça.
Os caminhos do mundo são vistos e experimentados repetidamente; por que
não deveria acontecer o mesmo com os caminhos do céu?
O trabalho do templo não é um refúgio do mundo, mas, sim, um lembrete
insistente de nossa necessidade de melhorar o mundo, ao mesmo tempo em
que nos preparamos para outro mundo muito melhor. Portanto, estar na
casa do Senhor pode ajudar-nos a ser diferentes do mundo, para que
façamos uma diferença maior no mundo. (...)
Os ensinamentos do templo nos levam para além do tempo e espaço
atuais. Ali aprendemos coisas especiais, muitas vezes ‘coisas que para
[nós são] inescrutáveis’ (Jó 42:3) e que exigem repetida freqüência ao
templo e muita oração antes que seu significado transpareça.”
Por Que as Pessoas Dizem Que a Cerimônia do Templo É Sagrada e Não Secreta?
“Em uma das primeiras revelações desta dispensação, o Senhor deu a
conhecer que era Sua vontade que uma Casa sagrada fosse construída, com a
promessa de que Sua glória repousaria sobre ela e Sua presença ali
estaria e que Ele a visitaria, e todos os puros de coração que nela
entrassem veriam a Deus, sob uma condição. Essa condição era a de ‘não
permitir que nela entre qualquer coisa impura, de modo que não seja
profanada’ ([D&C] 97:15–16). Em obediência a essa instrução, esses
templos sagrados são cuidadosamente salvaguardados, não pela necessidade
de sigilo, mas por causa da santidade da obra ali realizada,
proibindo-se a entrada daqueles que, pelos padrões do Senhor, são
considerados ‘impuros’ pelo fato de não cumprirem Seus mandamentos.”
“As ordenanças [do templo] não são segredos profundos e obscuros a
ser guardados, como os do mundo. (...) A idéia básica das ordenanças,
desde Moisés voltando até Adão, é o afastamento, um retiro do mundo. A
investidura representa passos por meio dos quais a pessoa se desvincula
de um ambiente corrupto, secular e aprisionador. (...)
O importante é que
eu não revele essas coisas; elas precisam permanecer sagradas para
mim.
Preciso preservar uma área de santidade que não possa ser violada.
(...) Porque os meus convênios são todos feitos entre mim e meu Pai
Celestial.”
“Fora do templo, não conversamos sobre as ordenanças do templo. Nunca
houve a intenção de limitar o conhecimento dessas cerimônias do templo a
umas poucas pessoas que ficariam obrigadas a assegurar que as outras
nunca as conhecessem. Na verdade, o que acontece é o oposto. Fazemos
todo o empenho de incentivar todas as pessoas a qualificar-se e
preparar-se para entrar no templo. (...)
As ordenanças e cerimônias do templo são simples; elas são belas e
sagradas. São mantidas em sigilo para não serem ministradas a quem não
esteja preparado. Curiosidade não é preparação. O interesse profundo,
por si só, também não é preparação. A preparação para as ordenanças
inclui alguns passos preliminares: fé, arrependimento, batismo,
confirmação, dignidade, maturidade e respeitabilidade de alguém que é
convidado a entrar na casa do Senhor.”
Um Santuário de Serviço
“Dentro do templo (...), o mundo, com seu tumulto e pressa, é deixado
para trás. Na casa do Senhor, há tranqüilidade. Aqueles que lá
trabalham sabem que estão lidando com coisas da eternidade. Todos se
vestem de branco. O falar é suave. Os pensamentos se elevam.
Esse é um santuário de serviço. A maior parte do trabalho dessa casa
sagrada é realizado em favor dos que já atravessaram o véu da morte. Não
conheço nenhuma outra obra que se compare a essa. Está mais próxima do
sacrifício do Filho de Deus em favor da humanidade do que qualquer outro
trabalho de que tenho conhecimento. Não se esperam agradecimentos
daqueles que além do véu se beneficiam desse serviço sagrado. É um
trabalho dos vivos em favor dos mortos. É a própria essência do
altruísmo.”
Presidente Gordon B. Hinckley, “The Salt Lake Temple”,
Tambuli, novembro de 1993, pp. 5–6.